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PARAÍBA FOI PRESO EM OPERAÇÃO CONJUNTA DA PM, DETEN E MINISTÉRIO PÚBLICO: Interferência do chefe de Polícia obriga a Delegacia de Tóxicos a suspender investigação contra o traficante mais famoso e milionário do Espírito Santo

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No dia 10 de setembro de 2017, agentes do Serviço Reservado de Informação (P2) do 1º Batalhão da Polícia Militar (Vitória), em decorrência da Operação Iron Hands, prenderam Giovani Otacílio de Souza, o Paraíba, 36 anos, chefe, no Espírito Santo, da facção criminosa Amigos dos Amigos (ADA), oriunda da favela da Rocinha. Paraíba é dono do chamado Terreirão, o Complexo da Penha, que engloba os Bairros da Penha, Consolação, Gurigica, São Benedito e Bonfim, em Vitória.

Paraíba foi preso com duas pistolas, uma delas com o ferrolho banhado a ouro, além de 29 munições calibre ponto 45, 36 munições calibre ponto 9 e 5 carregadores, um colete, um kit de conversão de pistola que potencializa o efeito da arma, 10 gramas de maconha e 30 gramas de cocaína. Os agentes da P-2 realizaram a prisão do até então  mais famoso e milionário traficante capixaba sem disparar um tiro.

Minutos depois ao cumprimento do Mandado de Prisão e Busca e Apreensão, expedido pelo Juízo da 3ª Vara Criminal de Vitória nos autos do Inquérito Policial, o oficial da P-2 do 1º BPM telefonou para o delegado João Paulo Dezouzart Teixeira Pinto, da Delegacia de Especializada em Tóxicos e Entorpecentes (Deten) da Polícia Civil, comunicando sobre o sucesso da operação.

O delegado, então, orientou o oficial a apresentar o preso na Deten. Simples explicação: a Operação Iron Hands, que prendeu Paraíba, foi instaurada pela Deten no dia 28 de agosto deste ano por força de Portaria, assim que chegou à unidade ofício nº 033/2017, da P-2 do 1º Batalhão, informando sobre crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico e organização criminosos, no Complexo da Penha.

Deu-se, então, uma série de reuniões entre oficiais do 1º BPM, delegados e policiais civis da Deten e promotores de Justiça da Central de Inquéritos do Ministério Público do Estado do Espírito Santo. A Operação Iron Hands, portanto, foi realizada em conjunto entre o Ministério Público e Polícias Militar e Civil desde o início da instauração do Inquérito Policial.

A operação não se encerraria com a prisão de Paraíba, chefe da facção criminosa ADA e um dos bandidos mais ricos do Espírito Santo. O objetivo das Polícias Civil e Militar e do Ministério Público era chegar a outros suspeitos ligados a Paraíba.

No entanto, para surpresa de todos, tão logo desligou seu celular após conversar com o delegado da Deten, o oficial, que ainda se encontrava no Bairro da Penha, recebeu telefonema de um Oficial Superior que, em nome do comandante-geral da Polícia Militar, coronel Nylton Rodrigues Ribeiro Filho, ordenou o oficial da P-2 a levar o traficante Paraíba para a Chefatura de Polícia Civil, onde fica a cúpula da instituição. Ordem dada, ordem executada: Paraíba foi entregue ao chefe de Polícia Civil, delegado Guilherme Daré.

Para a equipe da Deten, Guilherme Daré explicou que, “a partir de uma deliberação realizada entre a Chefia de Polícia e alguns delegados superintendentes, a ocorrência seria encaminhada para a Delegacia de Inquéritos Especiais, subordinada à Superintendência de Ações Estratégicas e Operacionais”.

De acordo com os autos, foi informado ao chefe de Polícia, delegado Guilherme Daré, que a prisão do traficante mais rico do Estado aconteceu por determinação judicial e cuja investigação, está, inclusive, com Medida Cautelar Sigilosa. Portanto, ninguém mais, além dos agentes envolvidos na operação e na investigação, poderia tomar conhecimento do seu conteúdo.

Foi informado ainda a Guilherme Daré que sua interferência “causaria prejuízos incalculáveis à investigação”, mas o chefe de Polícia Civil ignorou todos os argumentos de seus subordinados.

Ao receber o preso Paraíba, o chefe de Polícia, delegado Guilherme Daré, mandou sua assessoria de imprensa convocar uma coletiva para falar do feito. A prisão de Paraíba não seria informada à imprensa no mesmo dia em que ele “caiu” porque a Deten, a PM e o Ministério Público acreditavam que, com o prosseguimento das investigações, após interrogar o bandido, outras pessoas poderiam ser presas. Com a interferência do chefe de Polícia, entretanto, a sequência das investigações foi abortada. Paraíba já havia sido preso numa operação peritécnica feita pela Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social no dia 1º de agosto deste ano. Logo em seguida foi solto.

Em 1 1 de setembro, um dia depois da prisão de Paraíba, a Deten encaminhou ofício ao Juízo da 3ª Vara Criminal informando sobre a determinação do chefe de Polícia Civil, delegado Guilherme Daré, em retirar daquela unidade o Inquérito Policial relativo à Operação Iron Hands, ao mesmo tempo em que solicitava da Justiça medidas de providências.

No mesmo ofício, a Deten comunica que, devido à determinação do Chefe de Polícia, as equipes estavam suspendendo a investigação sobre a gangue do traficante Paraíba. Cópias do ofício foram encaminhadas também ao Ministério Público Estadual e à Corregedoria Geral de Polícia Civil.

Nos próximos dias a Justiça vai requisitar o Inquérito Policial. Também foi  encaminhado o procedimento para Controle Externo da Atividade Policial do Ministério Público Estadual.

Significa que o chefe de Polícia Civil, delegado Guilherme Daré, foi oficialmente representado pela Deten no Ministério Público, na Corregedoria e no Judiciário. A Operação Iron Hands, vale ressaltar, tinha por finalidade prender os chefes e impedir o surgimento de outras lideranças, o que geralmente ocorre nesses casos. Porém, com a ação da Chefia de Polícia, outras lideranças poderão surgir e retomar o comando da região do Complexo da Penha.

A operação da Deten estava alinhada à uma posição de irradiação do tráfico no Complexo da Penha, com um novo modelo de ação de segurança pública inédito no Brasil, que é o trabalho conjunto entre as Polícias Civil e Militar, Ministério Público e a Justiça.


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