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Em artigo, presidente do Clube dos Oficiais lamenta que governo e sociedade evitam discutir as causas que provocaram a maior revolta da história da PM capixaba

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Em artigo publicado no domingo (06/08) no jornal A Gazeta, o presidente da Associação dos Oficiais Militares Estaduais do Espírito Santo (Assomes/Clube dos Oficiais), tenente-coronel Rogério Fernandes Lima, expõe a situação em que vivem hoje os policiais – Oficiais e Praças – da Polícia Militar capixaba, seis meses depois do maior movimento de revolta já promovido pela tropa, quando houve um aquartelamento de 22 dias.

O tenente-coronel Rogério lembra que o governo e a sociedade em geral desde os acontecimentos da paralisação debatem sobre as consequências do movimento que, pela ausência da  Polícia Militar nas ruas, mostrou o quanto é inseguro o Espírito Santo. No período do aquartelamento, segundo levantamento de A Gazeta, foram registrados 219 assassinatos – o Estado diz que foram 200 homicídios –, além de saques, roubos, furtos, incêndios a ônibus. Ou seja, um grande descontrole social.

No entanto, ressalta o presidente do Clube dos Oficiais, “a pauta principal não está sendo discutida, ou seja, as causas que deram origem ao movimento”. O tenente-coronel Rogério questiona: “Porque será que aquelas mulheres, amigos e familiares, e até mesmo alguns policiais militares, decidiram enfrentar a Lei e a Constituição, e as suas consequências?”

Ele garante que, “mesmo com o sacrifício da própria vida”, os policiais continuam trabalhando e se empenhando “em defender a sociedade”. Porém, pede “diálogo e respeito por estes profissionais”.

Depois de seis meses, nada resolvido

Passados seis meses do início do movimento das mulheres, familiares e amigos de policiais militares, que resultou na falta de policiamento por 22 dias em todo Estado, ainda vemos o debate sobre as consequências do movimento, da falta da Polícia Militar nas ruas – 219 mortes, saques, roubos, furtos, enfim descontrole social.
No entanto, a pauta principal não está sendo discutida, ou seja, as causas que deram origem ao movimento. Porque será que aquelas mulheres, amigos e familiares, e até mesmo alguns policiais militares, decidiram enfrentar a Lei e a Constituição, e as suas consequências?

A Constituição Federal proíbe a sindicalização e a greve de militares. O Código Penal Militar considera crime esse tipo de manifestação, mas é justo sob o argumento de inconstitucionalidade não deixar uma categoria de trabalhadores se manifestar? Ou pior, valer-se desse argumento para não conceder direitos aos policiais militares e o governo nem sequer dialogar se dispôs com a categoria.

Vimos também que se buscou manchar a honra de uma Corporação com mais de 182 anos de relevantes serviços prestamos ao povo capixaba, tentando jogar toda a responsabilidade do movimento sobre os ombros dos policiais e bombeiros militares.

Esconderam da sociedade capixaba que desde o início do ano passado as associações representativas dos militares apresentaram ao governo as dificuldades enfrentadas pela categoria. Todos foram alertados sobre o clima de descontentamento que estava no seio da tropa e que era preciso sinalizar, pelo menos, com a revisão geral anual dos salários dos policiais.

Em momento algum se falou sobre aumento salarial, pois os policiais militares sabem a crise que o País atravessa, contudo falamos do achatamento salarial, haja vista que o governo do Estado não faz recomposição das perdas inflacionárias desde 2014, ou ainda, fez qualquer proposta ou programação para atender aos policiais militares nos últimos três anos. Será que isso é se importar com as pessoas? Pois os policiais militares são pessoas – homens, mulheres, pais, mães, filhos e filhas – que também têm seus compromissos a cumprir.

É claro que a relação está desgastada e os policiais militares não veem ações propositivas do governo para dialogar ou apresentar soluções.

A sociedade repara que as coisas não estão normais. Antes de fevereiro de 2017, o Estado anunciava que tínhamos os melhores índices de segurança dos últimos 20 anos e após fevereiro acompanhamos (com pesar) os índices piorarem e aumentar a sensação de insegurança para a população.

O policial militar continua trabalhando e se empenhando em defender a sociedade que jurou defender, mesmo com o sacrifício da própria vida, pois sabe que ela é tão vítima quanto ele, mas não se pode cobrar muito mais do que se faz daquele que não se sente valorizado.

O momento pede diálogo e respeito por estes profissionais, pois todos nós sentimos na pele o caos quando houve a falta do policial militar nas ruas.

(Tenente-coronel Rogério Fernandes Lima, Presidente da Associação dos Oficiais Militares Estaduais do Espírito Santo – Assomes/Clube dos Oficiais)


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