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MILITAR CRIA 'ASSOCIAÇÃO DE ASSISTÊNCIA POR UMA VIDA MELHOR NO ESPÍRITO SANTO': Cabo Sabino, o militar que há 33 anos se dedica a ajudar os mais necessitados em Cariacica

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No ano de 1982, a Seleção Brasileira de futebol, sob o comando do técnico Telê Santana, mostrava os últimos momentos de gala, técnica e elegância do futebol brasileiro. Foi na Copa da Espanha, mas o Brasil foi eliminado pela Itália, de Paolo Rossi, que acabou se sagrando campeã. O título fez falta, mas o que vale é que na memória dos amantes do futebol ficaram as belas jogadas de Zico, Falcão, Cerezo, Júnior e Cia.

Naquele ano de 1982, Vanderlei Sabino da Silva, então com 11 anos de idade, se mudava com sua família – pais e irmãos – para a Fazenda Itanhenga, região localizada à margem da Rodovia do Contorno, em Cariacica. A família de Vanderlei foi uma das primeiras a ocupar aquele pobre local. Conseguiu um lote, onde foi edificada uma casa.

A ocupação da então Itanhenga teve início a partir de um projeto de assentamento de famílias carentes, decorrente do crescimento da Grande Vitória, pelo então governador Eurico Rezende que, por meio da Lei nº 3.493/82, obteve autorização da Assembleia Legislativa para, por intermédio da Cohab-ES, proceder à ocupação da área, aprovar o parcelamento do solo e fazer a entrega dos títulos de doação de lotes às famílias assentadas.

O menino Vanderlei Sabino da Silva foi crescendo observando o sofrimento das pessoas mais necessitadas. E, ainda com seus 11 anos de idade, já buscava meios para ajudar os vizinhos:

“Quando viemos para Nova Rosa da Penha, que na época se chamava Fazenda Itanhenga, aqui só havia barracos. Não havia luz e nem água encanada. Não havia ruas e, portanto, nada de saneamento básico, como redes de esgoto. Era um local de grande pobreza e, ao mesmo tempo, de muita solidariedade”, relembra o agora cabo Sabino, lotado na 4ª Companhia (Nova Rosa da Penha) do 7º Batalhão da Polícia Militar (Cariacica) do Estado do Espírito Santo.

Cabo Sabino é o mesmo Vanderlei Sabino da Silva, que, ainda menino, fazia cestas básicas e dava aos moradores mais carentes da região. O jovem, em 1994, entrou para a Polícia Militar e, como soldado, continuou ajudando os vizinhos.

“Fui deslocado para fazer vigilância nos presídios, como a antiga Casa de Detenção e o IRS (Penitenciária de Vila Velha), ambos na Glória. Nos finais de semana, principalmente, eu juntava cerca de 400   quentinhas (marmitexs) que os presos jogavam fora, pois recebiam alimentos das visitas,  e levava para Nova Rosa da Penha, onde distribuía  para as famílias necessitadas”, recorda Sabino.

Foi com esse espírito, de solidariedade, que o cabo Sabino fundou uma Organização Não-Governamental (ONG) em 2003. Ela se chama Associação de Assistência por Uma Vida Melhor no Espírito Santo (Assovimes) e tem sua base na região de Nova Rosa da Penha. Conta, hoje, com a ajuda de 40 voluntários e atende crianças, adolescentes, jovens e pessoas da terceira idade.

Cabo Sabino, que mora no bairro há 33 anos e atua na 4ª Companhia (Nova Rosa da Penha), do 7º Batalhão da PM (Cariacica), criou inicialmente um grupo, que se transformou ONG para ter melhores condições de desenvolver projetos sociais. Nas horas de folha, ele se dedica integralmente à entidade.

A Assovimes trabalha com vários projetos. Um deles é o ‘Inclusão Digital’. Iniciado em 2007, formou, naquele ano, mais de 200 alunos, entre jovens e aposentados. Todos tiveram durante vários meses curso de Informática. “Sem recursos próprios, fazíamos marmitexs para vender, além de promover rifas. Com o dinheiro arrecadado, pudemos oferecer o curso”, diz cabo Sabino.

Atualmente, a Assovimes indica jovens e pessoas da terceira idade, atendidos pela entidade, para fazer curso de Informática em outras escolas.

Já o projeto ‘Escolinha de Futebol Driblando as Dificuldades’ cuida de cerca de 50 crianças, que vivem em áreas de risco social mais elevado:

“O projeto de futebol ajuda a retirar crianças do meio marginal. Na escolinha, os meninos não só aprendem a jogar futebol, mas, sobretudo, a respeitar os pais, a escola e seus professores. Fazemos preleções constantemente, em que cobramos disciplina dos meninos dentro de suas casas e na escola. E tem mais: quando a mãe ou o pai reclama da desobediência cometida pelo filho, ele (menino) vai para a reserva do time”, explica o cabo Sabino.

Outro projeto é o ‘Faça Uma Criança Sorrir’. É realizado no Natal e beneficia mais de 500 crianças anualmente. A partir de 2012, o projeto se estendeu para outros bairros – Porto Belo e Cariacica (Sede) – e atendeu quatro igrejas.

“Em 2012, recebemos mais de mil brinquedos. Levamos o ‘Faça Uma Criança Sorrir’ para um município do sertão da Bahia, onde 50 famílias foram beneficiadas. Também distribuímos presentes para os filhos dos militares lotados na 4ª Companhia”, acrescenta Sabino.

No ano passado, cabo Sabino teve de suspender o projeto por conta das eleições, já que ele foi candidato a deputado estadual e preferiu não misturar política com seus projetos sociais.

“Sou muito grato, principalmente, à população de Cariacica. Dos 2.045 votos obtidos em 2014 em todo o Estado, 1.700 foram aqui em meu município”, diz Sabino.

Ele explica porque decidiu entrar na política eleitoral: “É muita dificuldade para se implantar projetos sociais em bairros carentes de Cariacica. Por isso, me envolvi com a política para ver se consigo ajudar ainda mais os moradores de Nova Rosa da Penha e região. Não recebemos nenhum tipo de ajuda do poder público”.

A Assovimes está sempre promovendo campanhas. No mês passado, ganhou mais de 5 mil peças de roupas, na ‘Campanha do Agasalho’. Ainda há 3 mil peças para serem doadas – as outras já  foram entregues a moradores carentes da região.

Recentemente, conseguiu mais de 300 sacas de feijão, por meio do convênio Mesa Brasil, que é uma entidade que atua dentro da Ceasa, em Campo Grande, Cariacica. Mil famílias e igrejas foram cadastradas para receber o alimento.

“Cabo Sabino é um orgulho para seus colegas de farda”, diz Júlio Maria, vice-presidente da ACS/ES

Esta semana, cabo Sabino convidou para um almoço em sua casa, em Nova Rosa da Penha, onde ele reside há 33 anos, alguns de seus amigos de turma na PM: os cabos PM Júlio Maria, atual vice-presidente da Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiro Militar do Estado do Espírito Santo (ACS/ES); Rogério Luiz Reinoso, que é uma das lideranças dos militares estaduais de Barra de São Francisco,  Região Noroeste do Estado; e Rudney Lelis Nascimento, diretor de Pessoal da ACS/ES.

“O trabalho social que o cidadão Sabino realiza em Nova Rosa da Penha, em suas horas de folga como cabo da Polícia Militar, é fundamental para ajudar o sistema de Segurança Pública do Estado no combate à criminalidade, sobretudo a juvenil. Com seus projetos e programas sociais à frente da Assovimes, cabo Sabino ajuda a retirar jovens do mundo do crime”, diz Júlio Maria. “Ele é, sem dúvida, um orgulho para seus colegas de farda”.

Cabo Sabino tem o apoio dos colegas de farda. Garante que, apesar de residir em Nova Rosa da Penha há mais de três décadas e de fazer na região um trabalho social com os jovens, jamais se sentiu ameaçado por marginais da região: “Nunca recebi intimação e nem ameaças, embora a região seja de conflito intenso do tráfico. Nunca tive problemas e faço meu trabalho como militar naturalmente, respeitando as leis e os direitos dos cidadãos”, diz cabo Sabino.


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